Pingos nos varais

Chove!

Lá fora,

O sol foge

Com seu clarão.

O dia escurece!

As nuvens cheias

Pesadas,

Deságuam

No telhado,

No chão,

Na plantação...

Sede saciada!

Entre o céu e o chão,

Tudo banhado,

Tudo lavado.

É a chuva!

Agora, amena.

No quintal,

Varais estendidos,

Tão paralelos.

Os pingos de chuva,

Acrobatas

Das cordas bambas,

Fazem o espetáculo.

Se escorregam,

Se enfileiram

E enfeitam.

Tão uniformes,

Lado a lado,

Quão contas

Luzentes

De rosário em prece,

Quão colares,

De dia de festa...

São pingos

Balançantes

Pelo sopro do vento,

Molhado.

Ali permanecem

Sóbrios,

Para alguém platéia.

E um a um

Se debulha

Desfazendo

A imagem sideral.

Agora,

O sol clareia.

Os pingos,

Já não são.

Os varais,

São apenas fios,

De aço,

Estendidos,

Sem vida.

E meu olhar,

Entristece.

Maria Eunice Lacerda
Enviado por Maria Eunice Lacerda em 16/11/2015
Código do texto: T5450997
Classificação de conteúdo: seguro