Pingos nos varais
Chove!
Lá fora,
O sol foge
Com seu clarão.
O dia escurece!
As nuvens cheias
Pesadas,
Deságuam
No telhado,
No chão,
Na plantação...
Sede saciada!
Entre o céu e o chão,
Tudo banhado,
Tudo lavado.
É a chuva!
Agora, amena.
No quintal,
Varais estendidos,
Tão paralelos.
Os pingos de chuva,
Acrobatas
Das cordas bambas,
Fazem o espetáculo.
Se escorregam,
Se enfileiram
E enfeitam.
Tão uniformes,
Lado a lado,
Quão contas
Luzentes
De rosário em prece,
Quão colares,
De dia de festa...
São pingos
Balançantes
Pelo sopro do vento,
Molhado.
Ali permanecem
Sóbrios,
Para alguém platéia.
E um a um
Se debulha
Desfazendo
A imagem sideral.
Agora,
O sol clareia.
Os pingos,
Já não são.
Os varais,
São apenas fios,
De aço,
Estendidos,
Sem vida.
E meu olhar,
Entristece.