Corneta dos Anjos

Despretensiosamente

joguei na terra o farelo

de suas sementes,

o contato com a água

iniciou a mágica.

Brotos irreconhecíveis

de caule enegrecido

e aroma indefinível.

Tenho estranha mania

de gostar dos matos,

um matinho que nasce

é preciosa possibilidade

ao olhar desarmado.

Curiosa, velei seu crescimento

ansiava desvendar a deidade

afrodisíaca da natureza

que embelezaria aquele vaso.

Enchi-me de surpresa e alegria

quando, num insight,

revelaste tua identidade.

Vi a flor que ali estava,

após uma e outra respiração cósmica

sua magia desabrochava.

Estendia seus lábios cheirosos aos céus

oferecendo seu beijo de fada.

A vibrante saia roxa rodopiava.

E eu, embalada por sua graça pensava:

Seu caule negro mergulhado a terra

não é obstáculo bastante que a impeça

de bailar seu branco e roxo entorpecente

no éter flutuante das dimensões inexistentes.

Jady Tariane
Enviado por Jady Tariane em 06/11/2015
Código do texto: T5439757
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