O Meu Mar
Aquele barulho tão descoordenado
Tão sem vida, mas tão vivo
Tão ciclicamente alternado
Que rebenta só e sem motivo
Respira de moucos ouvidos
E talvez nem se controle
Enquanto incendeia os sentidos
E a si mesmo ele engole
Não hesita, nem se nega
Balanceia-se eternamente
Nunca chora enquanto verga
Enquanto o galgam vorazmente
Num fulgor de tristeza inexplicável
Num buscar doentio de memórias
Num fulgor de raiva implacável
No esbracejar de noites inglórias
O seu destino é fenecer
Nos grãos de areia colorida
Como se tivesse vida própria
Como se não mais fosse a própria vida.