O Meu Mar

Aquele barulho tão descoordenado

Tão sem vida, mas tão vivo

Tão ciclicamente alternado

Que rebenta só e sem motivo

Respira de moucos ouvidos

E talvez nem se controle

Enquanto incendeia os sentidos

E a si mesmo ele engole

Não hesita, nem se nega

Balanceia-se eternamente

Nunca chora enquanto verga

Enquanto o galgam vorazmente

Num fulgor de tristeza inexplicável

Num buscar doentio de memórias

Num fulgor de raiva implacável

No esbracejar de noites inglórias

O seu destino é fenecer

Nos grãos de areia colorida

Como se tivesse vida própria

Como se não mais fosse a própria vida.

Ricardo deSá
Enviado por Ricardo deSá em 12/10/2015
Reeditado em 14/10/2015
Código do texto: T5411936
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