AMANHECER NA ROÇA
Aqui neste recanto em que me encontro,
A paz que veio ficar comigo
É a mesma que passeia pelo espaço que nos rodeia.
Embrenha-se pelo verde das árvores,
Da pastagem, do canavial,
Do vale, enfim, onde se posta este recanto!...
O silêncio repousante que com ela é par constante,
É violado somente por chilreares, cacarejares, pipilares, gorjeares...
Farfalhares de folhas que dançam ao sabor do vento brando,
Compondo as copas de suas moradias
Ou rolando pelo chão ou passeando pelos ares!...
Debaixo da copa da jabuticabeira - verdadeiro hotel de passarinhos -
Um número incontável de avezinhas
Veio em busca do desjejum matinal que lhes é oferecido fartamente.
É uma verdadeira "farra" no quintal!
Até saracuras familiares vêm à rica fonte!
E o quintal vai se enchendo...
E as cores se matizando...
E as "vozes" se entrelaçando num crescendo!...
Galos, galinhas, pintinhos, patos, marrecos;
Andorinhas, canários, rolinhas, bem-te-vis;
Joões-de barro, sabiás, sanhaços, pardais
E por aí vai...
"Línguas" diversas, mas buscas iguais.
Nas amoreiras fartamente frutificadas,
Micos, maritacas, periquitos, desfrutam fruta a fruta,
Numa algazarra sem igual!...
E eu, cá da grande e acolhedora varanda,
Torno-me a mais feliz espectadora!
Como Deus é maravilhosamente presente neste espetáculo!
E por isso, tudo que se desenrola ante meus olhos,
Transformo em louvor ao nosso Criador!