HÁ SEMPRE UMA NOVA ESTAÇÃO

 
O tempo mudo a tudo muda.
Muda modos, muda medos,
muda enredos, segredos,
muda o mundo com precisão,
estação a estação.

Barco e mundo:

proa, popa, bombordo, boreste
ou boroeste.
Nova posição a cada vez,
a cada mês,
a cada trimestre.


Nova ancoragem,
coragem, reanimação,
Aprontam os remos pra outros rumos.
Renovo de remação.


Mares bravios, maiores desafios...
Corre-corres decorrentes.
Correntes de ar,
correntes ao mar,
corrente no peito carente de amar,
de ancorar...


Constelação orienta:
remar pro Oriente.
Aí,

tempestade intempestiva,
navegantes ofegantes,
i
ncidentes, acidentes...
milagres insuficientes.

Mudam o rumo,
muda o tempo.
Só por um momento,

mar sereno.
Todavia,
barco à deriva.


Dessossego,
segue o barco a correnteza,
sob sopros da Natureza.

Ânsia, desesperança, desencanto... 

Sol levante, descanso,
bonança, aliviamento,

Brando vento de feição,
Tesas velas reassumem a direção.

Num repente:
"Avante, navegantes,

Terra à vista no Ocidente".
Estação primaveril permanente...
 
Desembarque, curta duração:
alegria, emoção, salvação,

gratidão...
Grato gozo de férias
em plena Primavera.


Flores pros amores de marinheiros.
Efêmeros e passageiros amores,
que se findam a cada hora que passa.
Sentimento de "nunca mais",
amantes se abraçam no cáis.

 
Arriscado retorno à velha barcaça.
Mesma tripulação, horrendos temores,
hesitante animação.
Tal como inconstantes amores,
Incertos desafios inda terão,
. . .
mas, só os sobreviventes

Verão...
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Para o texto: "Sortilégio da alegria", em que a poetisa Zuleika dos Reis deseja uma Feliz Primavera" a todos os recantistas  -  em 24/09/2015.
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