PRISIONEIRA DO BELO
É manhã.
Calma, clara, serena manhã!...
Entre as colinas que emolduram a paisagem,
Cá estou eu, envolvida pelo encantamento
Da paz e da beleza que cativam-me os sentidos!
Um vento brando passeia entre as altas árvores copadas
Fazendo ressoar sua mensagem de bom-dia!
Além da voz do vento,
Ouço ainda outras vozes maviosas:
É um galo que anuncia que o dia já chegou;
São siriemas mais distantes que fazem ecoar seu canto estridente;
Na árvore sob a qual me abrigo,
Um bem-te-vi saúda-me e a seus companheiros,
Tão feliz e assanhado, que outros bem-te-vis ao longe
Enviam também suas mensagens de resposta!
Outros pássaros miúdos, coloridos e diversos
Harmonizam seus trinados numa música sem igual!
E meus olhos passeiam pelas colinas,
Buscando outras fontes de encantamento...
Borboletas multicores que suavemente adejam matizes florais;
Uma casinha branca de vermelho telhado, plantada no sopé de uma colina;
Restos da florada de ipês amarelos aqui... acolá...
Bananeiras, mamoeiros carregadinhos de frutos;
Um avião que cruza o claro azul do céu...
O vento, agora, sopra mais intensamente.
Centenas de folhinhas, como que enfeitiçadas,
Soltam-se dos galhos e vão brincar com o vento.
E correm para lá... e correm para cá...
E assim vão ficar até se cansarem!
Entretida com a magia da natureza,
De repente, volto à realidade.
"Acordam-me" as vozes de familiares queridos
Bem próximos de mim!
Por momentos maravilhosos e inesquecíveis,
Estive "ausente",
Prisioneira deste reino que encanta-me e faz sonhar!