SOPRA VENTO
O vento balança
O pé de jacarandá
Espalha folhas no terreiro
Muda a pipa de lugar.
A bandeira que tremula
É o vento a balançar
Leva até com intrepidez
Os barcos em alto mar.
O vento sopra audacioso
Leva tudo que há na rua
Levanta a saia da senhora
Deixa a pobre quase nua.
O vento veio balançar
As roupas lá no varal
As vaquinhas agradecem
Quando venta no curral.
Os cabelos da morena
Ficam logo desenvoltos
Quando o vento lá na rua
Os castiga em teu rosto.
A ventania quando vem
Batem portas e janelas
Chacoalha as cortinas
E inclina a aquarela.
E quando o vento sopra forte
Sinto que transborda vida
Cerco ele com meus braços
E o absolvo atrevida.
Quero ver vento soprar
A sujidade que junto vem
Que carregue além do mar
O que não nos fazem bem.