Ao Ipê Rosa...
Ainda é inverno— o verde sem vida—
mas um belo ipê enfeita a Avenida...
Todo ano em julho ele se veste de rosa
e despe suas folhas verdes.
Milagre de inverno—ora credes—
que pinta sua florada mimosa.
Ou seria ele — o ipê— anormal?
E talvez por o ser, seja tão especial...
Com esse seu jeito tão despudorado
de desafiar assim o inverno.
Mas é ao mesmo tempo tão terno!
Uma exaltação ao cio “adiantado”...
Para mim — poeta — o ipê é pura poesia.
Prefiro tecer assim minha fantasia...
E o ipê rosa parece, enfim, saber
que sua beleza é tela para meu poema,
pois, se o pinto róseo em cada fonema
a eternizar cada flor que logo irá morrer...
( Esse poema é uma reverência a essa flor que desafia o inverno. Uma flor que eu diria anormal, porque enquanto as outras esperam a primavera para florescer ela vem desabrochar justamente no tempo mais seco do ano. Talvez para alegar e dar um pouco de cor à estação. Uma pena que seja tão efemera, pois é tão linda)
( Imagem: facebook)