A um caçador

A Um Caçador

Derramando o Sangue dos Nossos Irmãos

Augusto de Lima

Neste poema, Augusto de Lima aborda a unidade entre todos os seres.

Ele reflete sobre a necessidade de evitar a crueldade contra os animais - e o hábito de devorar os seus cadáveres.

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Olha esta plumagem linda,

íris formoso e suave:

não sentes remorso ainda?

que mal te fez a pobre ave?

O projétil avicida

quebrando-lhe as asas, deu

um jorro desta ferida

de sangue da cor do teu ....

Há uma só lei da Existência

sob a esfera luminosa:

partilham da mesma essência

homem, ave, estrela e rosa.

Ela cantando vivia,

Correndo, voando no ar.

Será delito – a harmonia,

Um atentado – voar?

Vivia tecendo ninhos

Para os filhotes, apenas;

Pobres menores mesquinhos,

Sem mãe e ainda sem penas!

As normas da natureza,

fiel, não quebrou jamais;

nunca invadiu da pobreza

os minguados cereais.

Vê bem que fizeste, dando

a morte a este mártir ente.

És réu de um crime nefando,

verteste o sangue inocente.

Ai! prole da primavera,

que será dela amanhã?

Pela mãe espera, espera ....

porém, esperança vã.

De tudo o que canta e voa

e fulgura és odiado:

a aurora não te perdoa,

condena-te o sol dourado.

Augusto de Lima
Enviado por Marília em 06/07/2015
Código do texto: T5301149
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