Manhã de chuva
Travadas sob o a pressão da chuva
Multiformes gotículas de água
Trocam matéria de brilho
Com as folhas
Rastos pontudos de verde
Nebulados
Neblinados
Nadificados
Os insetos
Rente ao chão quebrado de planta rasteira
Como que limitados àquela atmosfera
De fotossíntese
Uma multidão de vida alada
Quanta beleza há nestes seres do chão
Compactos a ele
Sobrevoantes da areia
Mais dignos do que os seres de boca, cara e alma de lama
Desses bípedes deformados
Superam em vida e magnitude
Pelo magma seco do exoesqueleto
Suspenso movimento
Quão frágil
Preciso
Inútil
Belo
Nuvem rasteira bebericando nas torres tombadas de flores diminutas
Que os olhos ignoram
Os pés arrebentam
Caminhos liquidados
Observo
Me absorvo disso
E inseto-me
De minhas presas, asas e patas renascida.
Isabela Coelho 06/06/2013