O TREM QUE HÁ EM MIM
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
que vai e que vem
que solta fumaça
que corre colinas
que desce paragens
que grita apitos
que espanta a vacaria
que balança macio
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
daqueles que chegam e vão
daqueles que deixam sonhos
daqueles que deitam bancos
daqueles que riscam céus
daqueles que tem gente
daqueles que levam sonhos
daqueles que podem tudo
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
sim e como remexe comigo
sim e como transita em mim
sim e como floresce o que sou
sim e como dança em meu eu
sim e como dança em meu ser
sim e como é todo meu
sim e como vai onde vou
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
apitando novas paisagens para se ver
apitando novas paragens para se ter
apitando novas estalagens para se antever
apitando novas viagens para se conhecer
apitando novas vantagens para se abastecer
apitando novas coragens para se engrandecer
apitando novas sondagens para se enaltecer
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
que chacoalha e solta cheiros inusitados
que chacoalha e solta ares inesperados
que chacoalha e solta pensamentos desenfreados
que chacoalha e solta corpos avantajados
que chacoalha e solta sorrisos abestalhados
que chacoalha e solta fumacês compactados
que chacoalha e solta viveres observados
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
onde os olhos vem e ficam mudos de amor
onde os lábios falam e ficam surdos de calor
onde os ouvidos ouvem e ficam tateantes de pudor
onde as mãos tateiam e ficam pulsantes de valor
onde os corações pulsam e ficam parador de temor
onde os pes caminham e ficam cegos de vapor
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
invadindo trilhos tortos para seguir
perseguindo trilhas em vidas a se parir
extraindo telhas em casas a se ruir
contraindo toalhas em varais a reluzir
impedindo tinas de água à espargir
ruindo tulhas de fenos em sóis a se refletir
pedindo talhas de nascentes à se perseguir
HOJE ESTOU COM UM TREM DENTRO DE MIM
e vai e vem
e vai e vem
e vai e vem
e vai e vem
e vai e vem
e vai e vem
e vai e vem