O SABIÁ INVEJOSO

Era muito rápido

Sempre visitava

O telhado

De uma casa

Abandonada.

Tinha um canto

Meio desafinado

Que pobre coitado

Inveja seu vizinho

Que cantava bonitinho

E fazia sempre seu ninho

Muito bem feitinho

E protegia seus filhotinhos

Bem distante das serpentes.

O sabiá invejoso

Nada sabia fazer

Nem a sua própria morada.

Gostava de casa velha

Velha, abandonada.

Invejava os morcegos

Porque dormiam de cabeça para baixo.

Invejava o pica-pau no oco do pau.

Invejava o rouxinol que era romântico

invejava o beija-flor que pairava no ar.

Sempre dizendo:

Amigo beija-flor

Tens a fama de apagador de incêndio.

Aquela gotícula de água

Que jogaste naquele incêndio

Daquela mata...

Foi por coragem ?

Foi por amor?

Ou foi pela linda beija-flor

Que estava perdida nas matas?

Era um invejoso sabiá:

Nunca ficava engaiolado

Gostava da liberdade

Voar por todos os lados.

Faminta demais

Meio desafinado

Sujeito bem folgado:

Não aguentava ver uma pimenteira

Que ele passava a semana inteira

Tentando as pimentas acabar.

Invejava o pica-pau

Invejava o rouxinol

invejava o beija-flor

Invejava os morcegos

Em casarões abandonados

Invejava até as aranhas fazendo

Suas teias no telhado..

Só não media a sua inveja incomensurável.

E bem casmurro se acabou

Sem conquistar um amor

Na sua inveja tropeçou

Enquanto os invejados lhes diziam

O mesmo sol que nasce para mim

Nasce para você!

Porém a sombra devemos procura-las .

JOSÉ ANTONIO CRUZ

JOSÉ ANTONIO SILVA DA CRUZ
Enviado por JOSÉ ANTONIO SILVA DA CRUZ em 02/02/2015
Código do texto: T5123205
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.