POEMA OCASIONAL
Foi-se a manhã,
e com ela, a angústia
do poema inconcluso;
mas a tarde chega
com a sua brisa
amena; inspirando
o poeta a continuar
o seu canto, não
de dor, mas de alívio
poético, a sentir
o cheiro suave
das flores matizadas,
após a habitual
tarefa das abelhas,
em colher o néctar
para fabricar o mel.
No passar lento
da tarde, os versos
também brotam
com lírica lentidão;
à espera paciente
do desmanche
das nuvens brancas
com aparência de lã,
em meio a beleza
do azul celestial.
Mesmo tão lentos
os versos vão fluindo,
como a água fresca
dos rios campesinos;
como os urubus
voejando nos ares
vespertinos; como
o lazer das pessoas
nos jardins floridos;
como o brincar
das crianças sem
pensar no tempo...
Deixo que a energia
da manhã extinta
e da tarde inacabada
sustentem o poema,
que vai sendo feito
com a luz do sol
que ilumina o dia;
a clarear os recantos
interiores latentes,
que querem emergir
do invólucro fértil,
sentindo os encantos
da vida campestre,
da vida urbana,
do belo crepuscular
da tarde que se esvai
à chegada esperada
da noite misteriosa.
E o poema já quase
concluso, flui suave,
por entre o sereno
orvalhado da noite;
por entre o frescor
da brisa noturna;
por entre o brilho
fulguroso do luar;
por entre o piscar
luminoso das estrelas;
por entre a amplidão
das belezas astrais.
E o poeta em êxtase,
sente na essência
o poema que se finda,
por efeito artístico
da Causa-Deus, que,
em Suprema Presença,
serviu tão espontâneo
o poeta, para que desse
teor artesanal à sua
genuína arte literária.