POEMA OCASIONAL

Foi-se a manhã,

e com ela, a angústia

do poema inconcluso;

mas a tarde chega

com a sua brisa

amena; inspirando

o poeta a continuar

o seu canto, não

de dor, mas de alívio

poético, a sentir

o cheiro suave

das flores matizadas,

após a habitual

tarefa das abelhas,

em colher o néctar

para fabricar o mel.

No passar lento

da tarde, os versos

também brotam

com lírica lentidão;

à espera paciente

do desmanche

das nuvens brancas

com aparência de lã,

em meio a beleza

do azul celestial.

Mesmo tão lentos

os versos vão fluindo,

como a água fresca

dos rios campesinos;

como os urubus

voejando nos ares

vespertinos; como

o lazer das pessoas

nos jardins floridos;

como o brincar

das crianças sem

pensar no tempo...

Deixo que a energia

da manhã extinta

e da tarde inacabada

sustentem o poema,

que vai sendo feito

com a luz do sol

que ilumina o dia;

a clarear os recantos

interiores latentes,

que querem emergir

do invólucro fértil,

sentindo os encantos

da vida campestre,

da vida urbana,

do belo crepuscular

da tarde que se esvai

à chegada esperada

da noite misteriosa.

E o poema já quase

concluso, flui suave,

por entre o sereno

orvalhado da noite;

por entre o frescor

da brisa noturna;

por entre o brilho

fulguroso do luar;

por entre o piscar

luminoso das estrelas;

por entre a amplidão

das belezas astrais.

E o poeta em êxtase,

sente na essência

o poema que se finda,

por efeito artístico

da Causa-Deus, que,

em Suprema Presença,

serviu tão espontâneo

o poeta, para que desse

teor artesanal à sua

genuína arte literária.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 31/01/2015
Reeditado em 31/01/2015
Código do texto: T5121029
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