Reencontro

Sertão ressequido por seca impiedosa,

Já é noite, à margem de água restante,

Nem parece que a brisa, tão deliciosa,

Sucedera, recente, ao sol causticante.

O céu de estrelas... infinitamente azul...

Lá, bem longe, a Dalva a acenar com alegria,

No mesmo lugar, brilha o Cruzeiro do Sul,

Juntas, ainda a me velarem, as Três Marias...

O "Ouvir Estrelas" de Bilac é, sim, verdade!

Cantam da saudosa infância as doces lembranças:

O amor dos pais, os irmãos, a felicidade...

No acalentar de já vividas esperanças.

Majestosamente, no longínquo horizonte,

Por luz sanguínea e imensa, arrebenta o luar!

Celebra o tetéu frenético em voos rasantes;

No solo, o chocalho de vaca a ruminar...

No céu - formosa - a Via Láctea a cintilar,

Na terra, a claridade santa em profusão,

Ali, a celeste paz ao alcance do olhar,

Dentro de mim, sem mais caber, tanta emoção...

Tudo tão belo, grandioso, encantador...

Sistemática expressividade do céu,

Manifesta abundância do Divino Amor,

Que banha os miseráveis com luz, ao léu...

Detenho-me, enfim, estupefato a pensar...

Vêm imagens dos mais sublimes sonhos meus...

E ouvindo a divinal "Sonata ao Luar",

Extasiado, flutuo... sinto...e vejo Deus!...

Sobral (CE), 11 de outubro 2012

Carlos Augusto Guimarães
Enviado por Carlos Augusto Guimarães em 19/01/2015
Reeditado em 24/05/2024
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