Pequeno céu

A relva molhada do sereno pitoresco da madrugada

Anuncia a passarada, fazendo alvorada, se põe a cantar

Nas lindas lagoas de águas cristalinas, nas verdes matas

Vai se embora a triste lua quando o sol começa a raiar,

E logo o cheiro de frutas da natureza invadem a choupana

E o prazer que a água na boca dá, assim bem cedinho

Ao som de uma doce viola a encantar como riso de criança

Que corre na praia fazendo ciranda, rodopiando de mansinho,

E lá se vem o caboclo chegando da lida, trazendo peixe da noite

Dentro da canoa remando a vida, com ele zagaia e espinhéu

A simplicidade exposta, chapéu de palha, segredos e amores

De volta à casa simplesinha, à família, ao seu pequeno céu,

Não fala nada mas mostra tudo, num olhar venturoso

Deixa escapar um sorriso vez e outra, peculiar, virtuoso

Segue caboclo, sem solidão, sem sofreguidão, pela floresta

Segue firme pisando a relva do damiçá, sua vida singela.

*Damiçá: Grama fina das campinas.

*Espinhéu: Especie de armadilha usada na pescaria dos povos da Amazônia.

Katianne Pereira
Enviado por Katianne Pereira em 17/01/2015
Reeditado em 19/01/2015
Código do texto: T5105205
Classificação de conteúdo: seguro