Pequeno céu
A relva molhada do sereno pitoresco da madrugada
Anuncia a passarada, fazendo alvorada, se põe a cantar
Nas lindas lagoas de águas cristalinas, nas verdes matas
Vai se embora a triste lua quando o sol começa a raiar,
E logo o cheiro de frutas da natureza invadem a choupana
E o prazer que a água na boca dá, assim bem cedinho
Ao som de uma doce viola a encantar como riso de criança
Que corre na praia fazendo ciranda, rodopiando de mansinho,
E lá se vem o caboclo chegando da lida, trazendo peixe da noite
Dentro da canoa remando a vida, com ele zagaia e espinhéu
A simplicidade exposta, chapéu de palha, segredos e amores
De volta à casa simplesinha, à família, ao seu pequeno céu,
Não fala nada mas mostra tudo, num olhar venturoso
Deixa escapar um sorriso vez e outra, peculiar, virtuoso
Segue caboclo, sem solidão, sem sofreguidão, pela floresta
Segue firme pisando a relva do damiçá, sua vida singela.
*Damiçá: Grama fina das campinas.
*Espinhéu: Especie de armadilha usada na pescaria dos povos da Amazônia.