JAZIGO DO TEMPO

Frágeis pinheiros se dobram aos ventos

Num balouço que faz tremer suas raízes,

Há açoites que pintam imensas cicatrizes

Na caricatura dos vendavais que enfrento.

No assobio das brisas a natureza é pânico

Açodada por cachoeiras de folhas mortas

Que sobrevoam perante as horas amorfas

Dum tempo em que sobreviver é titânico.

Nuvens negras cobrem a atmosfera densa

Salpicando ferrugem sobre pilares e crenças

Num mundo corroído por intensa indigestão...

Tempestade de valores mistifica o cosmos

Saturado pela abadia de vocábulos mornos

Que jazem intrusos no seio pífio da emoção!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 08/01/2015
Código do texto: T5094382
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