JAZIGO DO TEMPO
Frágeis pinheiros se dobram aos ventos
Num balouço que faz tremer suas raízes,
Há açoites que pintam imensas cicatrizes
Na caricatura dos vendavais que enfrento.
No assobio das brisas a natureza é pânico
Açodada por cachoeiras de folhas mortas
Que sobrevoam perante as horas amorfas
Dum tempo em que sobreviver é titânico.
Nuvens negras cobrem a atmosfera densa
Salpicando ferrugem sobre pilares e crenças
Num mundo corroído por intensa indigestão...
Tempestade de valores mistifica o cosmos
Saturado pela abadia de vocábulos mornos
Que jazem intrusos no seio pífio da emoção!