UM SONHO

UM SONHO

Recostado na rocha descansava

Extasiado com o que observava.

Via vagas nas arribas a rebentar.

Não ouvi o que me queriam dizer

Sobre aquele confuso marulhar

Dum mar, que na praia ia morrer.

Uma húmida aragem me envolvia

Com o natural perfume a maresia

Que refrescava o ar ao entardecer.

Desfilavam flocos de alva espuma

Que algum lendário e artístico ser

Bordava nas ondas, uma a uma.

Tons alaranjados corava o poente

Pintando o liso mar e firmamento.

Naquela luminosa tarde de verão

Senti ser acalentada a minha alma

Numa suave e nostálgica solidão

Que me transmitiu paz e calma.

Vejo algumas aves que ao acaso

Deslizam sobre sereno mar raso.

Lançam seus gritos de saudação

Ao astro rei que ia se esconder,

E nova alvorada doar à criação

Onde um luminoso dia ia nascer.

Do sonho acabei por despertar

Para a realidade ter de encarar.

Agradecido e bem feliz fiquei

Por momentos de paz e prazer,

Que a partir de hoje guardarei

Como recordação, para reviver.

Surgem estrelas timidamente,

Neste mundo onde dificilmente

Vamos vivendo, até um dia partir.

Com saudades e sem surpresa,

Continuarei a sonhar e a refletir

Sobre a maravilhosa natureza.

Faro, 20 Dezembro 2014

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Gualberto Marques
Enviado por Gualberto Marques em 20/12/2014
Reeditado em 26/12/2014
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