Tormenta
A massiva passeata de nuvens vetou
Que o arco íris desse o ar da sua graça;
Deixa estar jacaré, o jogo não acabou,
Nova aurora se achega e após ela vou,
ver “in loco” que a tempestade passa...
A maçaroca de azul e preto, chuva, sol,
que forjou um crepúsculo, miscigenado;
e sequer pintou a leveza d'um arrebol,
prendeu a beleza em um breve anzol,
do qual, pela manhã se terá libertado...
Usamos chamar ao estio de tempo bom,
Mas, bom, acredito, é o conjunto da obra;
Pois, a chuva renova da natureza o tom,
Mesmo trovões perturbando com o som,
É a água que falta, essa água que sobra...
Espelhos de nuvens que ficam em poças,
Em suas rústicas molduras sobre as ruas,
Não servem pra ajeitar o cabelo das moças,
Nas marolas feitas por cães com suas fuças,
deformam seus “vidros” sob os raios da lua...
a tormenta d’um desengano que assolou,
só quem sofre identifica tal tempestade;
pra quem tá fora não choveu nem ventou,
mas, nossas ruas testificam, apenas restou,
opacos espelhos, confusa face da saudade...