Ninguém ouviu a voz da natureza nos trovões
Ninguém viu quando atingiram as baleias com arpões
Ninguém chorou quando o rio suplicou e quase secou
Ninguém viu a bituca de cigarro que queimou a floresta
Ninguém assistiu o suborno oferecido por gente desonesta
Ninguém se comoveu com a fome do mendigo na calçada
Ninguém se afetou com o olhar triste da criança abandonada
Ninguém pensou em consumir menos para aliviar a terra
Ninguém se manifestou ao ver outros países em guerra
Ninguém gritou por paz quando vomitaram o mal
Ninguém se apiedou com o trabalho escravo no canavial
Ninguém impediu o esgoto de se encontrar com o mar
Ninguém viu as fábricas jogando fumaças tóxicas no ar
Ninguém freou o perverso na venda de animais em extinção
Ninguém ao ver a fome pensou em repartir o pão
Ninguém chorou a morte daquela árvore ainda verde
Ninguém foi oferecer água para matar a sede
Ninguém barrou a maldade do preconceito voltado às etnias
Ninguém deu guarida às mulheres espancadas pela covardia
Ninguém viu o teste letal de um experimento científico
Ninguém ouviu o tiro da espingarda que matou o tico-tico
Porém a natureza sentiu e se entristeceu no céu da imensidão
Lágrimas solitárias e sem fim descem ao ver tanta ingratidão
Ela chora ao ver que o planeta terra está morrendo
A ganância de alguns, sufocam outros, que não estão vivendo!
Tem dias que desce a tormenta devastadora do elevado...
A ventania abre a prisão libertando o pássaro engaiolado
O mar avança destruindo aquilo que nunca foi alcançado
O ser humano neste momento fica desesperado
Vem o esquecimento de cada atitude excessiva...
As águas estão perturbadas e são agressivas...
É a natureza implorando para ser respeitada
Até parece nossa inimiga, mas é nossa aliada!
Quer chorar sobre as queimadas...
Chora no alto e chora no chão
A humanidade está surda, e cega...
Não tem compaixão!
Janete Sales Dany
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