PASSAR DO TEMPO
A tarde passou,
meu amor,
e nem percebemos,
sentados tão tranquilos
à beira do rio...
Sabemos que em nosso
amor renascemos
amorosos, qual sol,
num dia de estio.
E é esse sol
no ocaso, por trás
do casario,
que faz o anoitecer
ser tão breve
nos verdes campos;
tão manso corre o rio,
e traz o vento frio
junto com os fosforescentes
pirilampos.
Perto do lar campestre
que nos abriga,
já repousam os peixes
no leito sombrio
do rio; a ouvirem
sonolentos,
a cantiga melosa
da mãe-d’água
com muito brio.
E é também
nesse anoitecer
ribeirinho,
sob o brilho
do luar e do céu
estrelado,
que nos amamos
deliciosamente
em nosso ninho
de amor, sentindo
a brisa fresca
vinda do rio,
a correr tão manso
por entre
a diversidade
da flora matizada.