O RIO
O amor corre no sangue
como um doce manancial,
fonte de primitiva primavera
oriunda das neves do tempo,
degeladas em desejos e sede.
Faz-me rio nas curvas de teu corpo
e nos recôncavos do meu,
e é fome de prazer
a transformar-se
em corredeiras de ânsias
por despenhar-se...
Na correnteza silente,
a doce espera
e o gemido de desmaio
em redemoinho
até a volúpia da cachoeira.
E então a queda
O grito e o abraço...
enquanto a vida ressuma
uma doçura de morte
na inconsciência da espuma.