QUE SURPRESA!
Esperei... como esperei pelas flores dos meus ipês!
A cada vez que nos encontrávamos na minha chácara,
eu olhava, perscrutava, vigiava...
Nada! Nem um sinalzinho de flor!
O tempo da florada veio, passou, e... nada!
Mas também, a chuva "não deu as caras",
nem para explicar que não veio,
porque o homem está matando a natureza;
nem para dizer que o mundo está morrendo de sede!
Infelizmente, seu silêncio está dando um recado tão ensurdecedor,
que só os "poderosos" e os incautos não ouvem!
Hoje, já outubro, voltei a encontrá-los.
Uns, completamente nus, galharia "seca", braços erguidos ao céu,
como se pedissem perdão pelo homem
e rogassem a misericórdia por nós!
Outros, vestidos; não se despiram das folhas.
Passeei entre eles, já nem vigiando mais,
pois outubro, por aqui, nunca foi tempo de ipê em flor.
Procurando fugir do sol escaldante da tarde,
abriguei-me sob um que não se desvestira.
Olhei casualmente para cima e... oh! que vejo?! Flores?!
Sim! E muitos cachos de botões prontos a se abrirem!
Que lindo, meu Deus! Flores cor-de-rosa!
Acho que pensaram numa forma de não me decepcionarem.
Elegeram um, um somente, e lhe deram a ordem:
"Vá se mostrar a quem nos ama tanto,
e que nos espera ansiosa a cada ano!"
Obrigada, meu ipê!
Obrigada por desrespeitar o calendário
e vir alegrar-me, colorir minhas retinas, o meu coração...
Vou curtir bastante suas flores cor-de-rosa
e, na próxima florada, leve o meu recado,
cá estarei à espera,
não só de um, mas de todos, principalmente dos amarelos!