A chuva e os barquinhos

O vento sopra levantando poeira

De norte a sul querendo me avisar:

Vem chuva já ouço a zoeira

E que é melhor eu me apressar.

É primavera mas está tão frio!

A chuva e o vento a me castigar.

Meu corpo sofre tendo calafrios.

Eu fico torcendo pro verão chegar.

As folhas secas que outrora voavam

Agora grudam no chão enlameadas

Ficam marrons e se antes estalavam

Agora lembram cocadas grudadas.

Na chuva nem brincam algumas crianças

Pois suas mães não os quer doentes

Presas não podem fazer as lambanças

Que moram na fantasia de suas mentes.

Nem bem anunciada uma chuvinha

O Jairinho cantarola a festejar

Viva, viva vai fazer “zaquinho”

A “suva vai suvê” obá, obá, obá

Na correnteza da água da chuva

O Jairo põe o barquinho a deslizar

E quando a chuva para, chora e emburra.

Justina joga água pra farra continuar.

Hoje, embora adulto, continua

A chuva do seu modo festejar.

Sai com a sombrinha pela fina chuva

Pés molhados, a ver como o rio está.

Pra mim a chuva engrossando

É motivo pra comemorar

Só assim abraçados ficamos

Namorando até a chuva afinar.

Chove chuva de mansinho

Molhe a terra por favor!

Meu amor fica contente

Pois hoje ele é agricultor.

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 12/08/2014
Código do texto: T4919221
Classificação de conteúdo: seguro