A chuva e os barquinhos
O vento sopra levantando poeira
De norte a sul querendo me avisar:
Vem chuva já ouço a zoeira
E que é melhor eu me apressar.
É primavera mas está tão frio!
A chuva e o vento a me castigar.
Meu corpo sofre tendo calafrios.
Eu fico torcendo pro verão chegar.
As folhas secas que outrora voavam
Agora grudam no chão enlameadas
Ficam marrons e se antes estalavam
Agora lembram cocadas grudadas.
Na chuva nem brincam algumas crianças
Pois suas mães não os quer doentes
Presas não podem fazer as lambanças
Que moram na fantasia de suas mentes.
Nem bem anunciada uma chuvinha
O Jairinho cantarola a festejar
Viva, viva vai fazer “zaquinho”
A “suva vai suvê” obá, obá, obá
Na correnteza da água da chuva
O Jairo põe o barquinho a deslizar
E quando a chuva para, chora e emburra.
Justina joga água pra farra continuar.
Hoje, embora adulto, continua
A chuva do seu modo festejar.
Sai com a sombrinha pela fina chuva
Pés molhados, a ver como o rio está.
Pra mim a chuva engrossando
É motivo pra comemorar
Só assim abraçados ficamos
Namorando até a chuva afinar.
Chove chuva de mansinho
Molhe a terra por favor!
Meu amor fica contente
Pois hoje ele é agricultor.