Ode às folhas secas
Perderam o mel
Esvaíram-se de seiva deslizante
Caíram no palco sem troféu
Nem medalha tiveram ou um beijo distante
Vingaram o tronco
Dormiram sem ronco
Desceram em silêncio e ternura
E no chão ficaram sem rancor ou bravura
São marrons, ocres e amarelas
Ao vento se rendem despedindo de suas origens
Vagam por calçadas, ruas e vielas
Voam e rodopiam tão alto que por vezes produzem nos observadores vertigens
Enfeitaram os galhos
Viveram o ápice dos orvalhos
Agora são douradas folhas secas no vento a bailar
Que belas no solo enfeitam mesmo em morte física peculiar