NOITE LUARENTA

Pô, cara! que lindeza de noite luarenta,

com essas sombras transparentes

dormindo na calçada sua absurda assombração.

Manja esse silêncio... escondido

atrás da zoeira dos grilos

que apelam ou se lamentam,

pois quem entende a falação dos grilos?

De um quintal tristonho vem o latido de um cachorro

que o eco levou para longe...

Já passaram os seresteiros

e o som dos violões aromou de serestas

o orvalho fresquinho abraçado no ar...

Saca o céu, como ficou pertinho!

Dele pulam as estrelas para dentro d'água,

a ensaboar-se de luz na luz da praia;

a lua despejou todo luar

dentro do rio!

É um brilho insano, meu!

A noite é tão clara no infinito

que até parece dia

- se é que há dia tão bonito.

É bem assim, como um poema feito

de pura e mágica Poesia

- sem imagens, sem rimas e sem versos...

P'ra poeta nenhum botar defeito.

Waldy Würdig
Enviado por Waldy Würdig em 26/07/2014
Código do texto: T4897758
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.