NOITE LUARENTA
Pô, cara! que lindeza de noite luarenta,
com essas sombras transparentes
dormindo na calçada sua absurda assombração.
Manja esse silêncio... escondido
atrás da zoeira dos grilos
que apelam ou se lamentam,
pois quem entende a falação dos grilos?
De um quintal tristonho vem o latido de um cachorro
que o eco levou para longe...
Já passaram os seresteiros
e o som dos violões aromou de serestas
o orvalho fresquinho abraçado no ar...
Saca o céu, como ficou pertinho!
Dele pulam as estrelas para dentro d'água,
a ensaboar-se de luz na luz da praia;
a lua despejou todo luar
dentro do rio!
É um brilho insano, meu!
A noite é tão clara no infinito
que até parece dia
- se é que há dia tão bonito.
É bem assim, como um poema feito
de pura e mágica Poesia
- sem imagens, sem rimas e sem versos...
P'ra poeta nenhum botar defeito.