FOLHAS SECAS

Uma folha seca caída

pousa em minha mão,

provinda da árvore

que sorri do meu gesto

singelo. Amparo

a natureza com

a sensível emoção

do meu coração,

enquanto o vento

que a fazia bailar no

ar desfaz o seu anelo

de envolve-la ( como

se a quisesse reter

apenas por algum

instante, movido

pela vontade aparente

de apreciar a sua

sensualidade natural

dançando no ar,

já sem a seiva com

o seu teor lubrificante ),

por causa de minha

terna mão, acolhendo

a sua seca leveza

de folha sem vida

vegetal, antes de ser

húmus, tão útil

à fertilização do solo.

Outras folhas secas

vão caindo e a passagem

do vento a fazem bailar

em gestos tão sensuais.

A árvore já não sorri;

apenas expressa a sua

decepção num triste

lamento, por ver que

as outras folhas não

tiveram o mesmo

destino de serem

acolhidas em minha

pequena mão. Então,

eu, vendo-as já caídas

sobre o solo, num gesto

nobre de solidariedade,

deixo a folha seca cair

de minha mão para

juntar-se às outras,

que a recebem com

o carinho vegetal,

pois sabem que vão

servir de adubo natural

à terra; e a árvore,

olhando-me embevecida,

compreendeu o meu gesto,

voltando a sorrir para mim.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 13/07/2014
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T4880989
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