RECORDAÇÃO DA PENHA 02
(Réplica a Abel Cunha)
Abel Cunha:
De manhã cedo, em tempos que lá vão,
Corrias, sem esforço, até à Penha;
Fervia ainda o leite no fogão
E logo regressavas da montanha.
“Vou ali e já venho”, então dizias,
E, em menos dum susto, aparecias.
Tenho a certeza que era a devoção
Que te levava nessa direcção.
Frassino Machado:
Sim, muito cedo, em frescas manhãzinhas,
Correndo calmamente até à serra,
É uma recordação das muitas minhas
Que sinto daquela Penha e da nossa terra.
Uma légua, partindo de Nespereira,
Chegares ao pé da serra, que trabalheira.
Ficaste no sopé e eu fui lá acima
Não tanto por devoção, mas auto-estima…
Foi uma direcção, sempre sonhada,
Ir subindo naquela ou noutras penhas
Ao fim da tarde ou na fresca madrugada
Passam os sonhos e ficam as montanhas.
E a magia da serra, essa, continua:
A Senhora, a paixão, a minha e a tua!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA