RECORDAÇÃO DA PENHA 02

(Réplica a Abel Cunha)

Abel Cunha:

De manhã cedo, em tempos que lá vão,

Corrias, sem esforço, até à Penha;

Fervia ainda o leite no fogão

E logo regressavas da montanha.

“Vou ali e já venho”, então dizias,

E, em menos dum susto, aparecias.

Tenho a certeza que era a devoção

Que te levava nessa direcção.

Frassino Machado:

Sim, muito cedo, em frescas manhãzinhas,

Correndo calmamente até à serra,

É uma recordação das muitas minhas

Que sinto daquela Penha e da nossa terra.

Uma légua, partindo de Nespereira,

Chegares ao pé da serra, que trabalheira.

Ficaste no sopé e eu fui lá acima

Não tanto por devoção, mas auto-estima…

Foi uma direcção, sempre sonhada,

Ir subindo naquela ou noutras penhas

Ao fim da tarde ou na fresca madrugada

Passam os sonhos e ficam as montanhas.

E a magia da serra, essa, continua:

A Senhora, a paixão, a minha e a tua!

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 05/07/2014
Código do texto: T4870244
Classificação de conteúdo: seguro