Rosa

A rosa escreve-se no impulso do raro:

aberta à exangue cera líquida

no mosaico da própria pétala

entretem-se do líquido escarlate.

Não há pureza. Sua violência

cede à morte do espinho:

nem é cega, mas versátil,

rosa-mímese do esquecido.

A negra trajetória do amor te restitui.

Suspensa, rosácea, abre-se

ao escuro questionamento do efêmero:

em teu corpo amarga-se a vértebra

dom de retirar-se da haste prévia

e entregar-te à contemplação vazia.

Sendo rosa, é beleza vã,

ave-botânica ferida

o sangue amaro, seiva assassina,

no esqueleto da tua estrutura.

És a predestinada apocalíptica.

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 26/06/2014
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