Rosa
A rosa escreve-se no impulso do raro:
aberta à exangue cera líquida
no mosaico da própria pétala
entretem-se do líquido escarlate.
Não há pureza. Sua violência
cede à morte do espinho:
nem é cega, mas versátil,
rosa-mímese do esquecido.
A negra trajetória do amor te restitui.
Suspensa, rosácea, abre-se
ao escuro questionamento do efêmero:
em teu corpo amarga-se a vértebra
dom de retirar-se da haste prévia
e entregar-te à contemplação vazia.
Sendo rosa, é beleza vã,
ave-botânica ferida
o sangue amaro, seiva assassina,
no esqueleto da tua estrutura.
És a predestinada apocalíptica.