ODE À LUA
Ecoa na mata triste gorjeio,
ave soturna que à lua canta a solidão.
Clamando à bela que venha das alturas,
serena e nua, em seu fulgor,
acender mil emoções...
Então a musa vem no céu, devagarzinho,
enfeitiçada por dolente cantoria.
Varrendo o breu com sua tênue luz prateada,
iluminando mansamente a ramaria...
E nesse encontro de luz e trevas,
no ternário compasso da melodia,
o vento surge, marcando tempo,
tirando as árvores para dançar...
A valsa lenta se desenrola
sob o domínio desse lamento
e a deusa argêntea, embevecida,
derrama lágrimas de encantamento.
As gotas alvas e cintilantes
brilham no céu por alguns instantes,
depois despencam, riscando a noite...
Pingos de prata, estrelas cadentes.
(Andra Valladares - 2004)