ODE À LUA 


Ecoa na mata triste gorjeio, 
ave soturna que à lua canta a solidão. 
Clamando à bela que venha das alturas, 
serena e nua, em seu fulgor, 
acender mil emoções... 

Então a musa vem no céu, devagarzinho, 
enfeitiçada por dolente cantoria. 
Varrendo o breu com sua tênue luz prateada, 
iluminando mansamente a ramaria... 

E nesse encontro de luz e trevas, 
no ternário compasso da melodia, 
o vento surge, marcando tempo, 
tirando as árvores para dançar... 

A valsa lenta se desenrola 
sob o domínio desse lamento 
e a deusa argêntea, embevecida, 
derrama lágrimas de encantamento. 

As gotas alvas e cintilantes 
brilham no céu por alguns instantes, 
depois despencam, riscando a noite... 
Pingos de prata, estrelas cadentes. 


(Andra Valladares - 2004) 
AndraValladares
Enviado por AndraValladares em 19/05/2014
Reeditado em 19/05/2014
Código do texto: T4812817
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