KAMIKASES
KAMIKASES
Aos poucos vamos nos acabando
Qual kamikases voando
Atirando-nos as covas rasas, sem rosas
Travestidos de deus, prosas
Adorando a superficialidade supérflua
A fluidez das relações sem fino trato
Adorando o desnecessário
Abreviando o obituário
Sem ares para respirar
Sem águas para beber
Esgotos e gases de morrer
O caos a se aproximar
Mas o que importa é o ir e vir
Neste momento, sem porvir
Curtir a exaustão, o agora
Sem demora, sem aurora
Danem-se o planeta, o sol, a lua
A árvore, a folha, a flor, o fruto
O rio, o mar, o riacho, a nascente
E o que vai nascer gente
Tudo é cada vez mais pó
Areia num grande deserto
Está cada vez mais perto
O aqui jaz, decerto
A tragédia é panorama
Dia a dia aproxima-se a chama
Que extinguirá a raça
Sobrará se muito, fumaça