KAMIKASES

KAMIKASES

Aos poucos vamos nos acabando

Qual kamikases voando

Atirando-nos as covas rasas, sem rosas

Travestidos de deus, prosas

Adorando a superficialidade supérflua

A fluidez das relações sem fino trato

Adorando o desnecessário

Abreviando o obituário

Sem ares para respirar

Sem águas para beber

Esgotos e gases de morrer

O caos a se aproximar

Mas o que importa é o ir e vir

Neste momento, sem porvir

Curtir a exaustão, o agora

Sem demora, sem aurora

Danem-se o planeta, o sol, a lua

A árvore, a folha, a flor, o fruto

O rio, o mar, o riacho, a nascente

E o que vai nascer gente

Tudo é cada vez mais pó

Areia num grande deserto

Está cada vez mais perto

O aqui jaz, decerto

A tragédia é panorama

Dia a dia aproxima-se a chama

Que extinguirá a raça

Sobrará se muito, fumaça

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/04/2014
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