A Tormenta Se Avizinha

Aqui neste quarto

Neste pequeno quarto

Já são quinze para as quatro

Da manhã

Amanhã eu vou acordar cedo

Cedo à pressão

Que me exerce neste quarto

Neste pequeno quarto

Vou derrubar as paredes

Todas as quatro

Deste pequeno quarto

Tenho andado por tantos lugares

Por toda esta cidade de São Paulo

Mas só hoje percebi

Que até hoje ainda não saí

Deste pequeno quarto

Tinha uma aranha no meu caneco de cerveja

Mas eu não a matei

Tinha formigas enormes no quintal de casa

Mas eu não as pisoteei

Tinha sete andares entre mim e o chão

Mas eu não pulei

Tenho pulado todos os dias

Durante vários anos de minha vida

Mas hoje eu só pulei da minha cama

E decidi não me matar mais por algum tempo

Tantos anos

Tantos pensamentos

Tantas ideias

Tantos sonhos

Todos eles presos

Aqui dentro deste pequeno quarto

Dentro desta pequena cabeça

Mas não mais

Posso sentir algo chegando

Algo grande rastejando

Como as nuvens cinzentas antes da chuva

Ou o tremor da terra antes da erupção

Minha alma, meu coração

Entram em combustão

Está chegando

Sem previsão

Inesperado e

Incontrolável

Está chegando

A tormenta se avizinha

E toma tudo de assalto

Atormenta-se a vizinha

E eu grito ainda mais alto

A tormenta se avizinha

Não volto mais, eu não paro

Atormenta-se a vizinha

E o volume já tá no talo

Renan Gonçalves Flores
Enviado por Renan Gonçalves Flores em 13/04/2014
Código do texto: T4766882
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.