A Cidade: Coração de um Poeta

Aqui se escorre vida

E a aldeia se lança em festa...

O paraíso, ora, se coloriu

Nos tons azuis da aquarela.

Quem amargo e triste vem

Logo, doce, se esfarela...

Quem não sabe o que é poesia

Num segundo vira poeta.

Aqui nessa cidade

Tristeza não se manifesta...

Solidão morreu de tédio

E desilusão perdeu a perna.

O mar navega em calmaria

E o pescador se vai pela janela...

A ilha em continente se vira

E o vento d’alma limpa se encarrega.

Quão belas são as gaivotas

Sobre dunas e o barco-vela...

Aqui o tempo perdeu a hora

E a morte morreu de espera.

O sol, a jangada, o rio e o amigo...

Nessa cidade, Deus, se tem de festa

E o mundo parece parar de mansinho

Em reverência, pois, a essa terra.

A noite, a lua beija o céu

E o porto beija a lua.

Não há disputa neste lugar...

Se a praia é minha, a brisa é sua.

Aqui de palavras não se precisa

Pra definir a vida e suas quimeras.

Pois, só louco é quem se atreve e se atiça...

A entender o coração de um ser poeta.