Centro da esperança – parte II

O beijo seco não permite sabor

O café da manhã é lembrança infindável

A desventura se espalhando

Recorda imposição herdada

Dos tempos dos coronéis.

Os retirantes enfileirados

Desarmam-se a procura de ameno

A criança não percebe de imediato

O estrago e no terreiro canta e dança

O homem com sabedoria popular

Obedece ao humor e ri arrastado.

Ao sol tenebroso, o único receio

A chuva caminhar na mesma direção

Atrapalhar, molhar os seus planos

Desfigurando a trilha desenhada

Abortar a festa, frustrar expectativa

Alimentando a terra a tempo.

O sertão lhe pede passagem rápida

De propósito, tolo, mesquinho, não atende

Não dar ouvidos... não se toca

Calmamente assola... arrasa

Dispara raios em todos os sentidos...

Cada passo com pés desprotegidos

Uma confusão de bolhas se espalha,

Com dor, o rosto se faz presente

Ao menos, indiferente, sem ao menos piscar

Surgem rugas, precocidade ativa

Não alivia as amarguras deixadas pelo tempo.

Não existe sossego, enquanto o sufoco

Estiver presente no minado campo.

Cromeu
Enviado por Cromeu em 12/03/2014
Código do texto: T4725352
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