Centro da esperança – parte II
O beijo seco não permite sabor
O café da manhã é lembrança infindável
A desventura se espalhando
Recorda imposição herdada
Dos tempos dos coronéis.
Os retirantes enfileirados
Desarmam-se a procura de ameno
A criança não percebe de imediato
O estrago e no terreiro canta e dança
O homem com sabedoria popular
Obedece ao humor e ri arrastado.
Ao sol tenebroso, o único receio
A chuva caminhar na mesma direção
Atrapalhar, molhar os seus planos
Desfigurando a trilha desenhada
Abortar a festa, frustrar expectativa
Alimentando a terra a tempo.
O sertão lhe pede passagem rápida
De propósito, tolo, mesquinho, não atende
Não dar ouvidos... não se toca
Calmamente assola... arrasa
Dispara raios em todos os sentidos...
Cada passo com pés desprotegidos
Uma confusão de bolhas se espalha,
Com dor, o rosto se faz presente
Ao menos, indiferente, sem ao menos piscar
Surgem rugas, precocidade ativa
Não alivia as amarguras deixadas pelo tempo.
Não existe sossego, enquanto o sufoco
Estiver presente no minado campo.