Centro da esperança – parte I
O sol quando chega de verdade
Racha, desassossega, levanta poeira
Desconcerta o chão, frouxo, vira pó...
Desprotegidas as cabeças estouram.
Sem dá trégua avança até sentir
A gota desaparecer por completo...
Não anima a estragada e surrada pele
Carente de pigmento a duelo franco
Não tem dó nem compaixão
Rola numa força rasteira... tudo seca...
O rastro deixado
Desenha uma trilha
Com carência perfeita...
O retorno à preciosa vida
Somente quando a poeira assentar...
Nada muda... Os olhos tremem
Enquanto a cabeça do homem roda ao pico.
Mesmo os olhos pedindo
Não libera um sorriso d’água
Esquenta rosto, suor pinga
A sombra carece de alma viva...
Sem piedade vai minorando
O que passa pelo caminho
Não obedece enquanto
O alvo não for atingido.
A vegetação pede abrigo
Os bois estáticos, improdutivos, perdem forças...
A seca não será diferente
A dificuldade persiste
O campo minado se perde
O homem chora no coração abrochado
Dorme no relento, a criança estende a mão...
O que pede se torna impossível
Nem mesmo um sorriso recebe pela graça.