Centro da esperança – parte I

O sol quando chega de verdade

Racha, desassossega, levanta poeira

Desconcerta o chão, frouxo, vira pó...

Desprotegidas as cabeças estouram.

Sem dá trégua avança até sentir

A gota desaparecer por completo...

Não anima a estragada e surrada pele

Carente de pigmento a duelo franco

Não tem dó nem compaixão

Rola numa força rasteira... tudo seca...

O rastro deixado

Desenha uma trilha

Com carência perfeita...

O retorno à preciosa vida

Somente quando a poeira assentar...

Nada muda... Os olhos tremem

Enquanto a cabeça do homem roda ao pico.

Mesmo os olhos pedindo

Não libera um sorriso d’água

Esquenta rosto, suor pinga

A sombra carece de alma viva...

Sem piedade vai minorando

O que passa pelo caminho

Não obedece enquanto

O alvo não for atingido.

A vegetação pede abrigo

Os bois estáticos, improdutivos, perdem forças...

A seca não será diferente

A dificuldade persiste

O campo minado se perde

O homem chora no coração abrochado

Dorme no relento, a criança estende a mão...

O que pede se torna impossível

Nem mesmo um sorriso recebe pela graça.

Cromeu
Enviado por Cromeu em 12/03/2014
Código do texto: T4725350
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