O IMIGRANTE
Tronco e terra...
Árvore, ramada e fruto,
semente que o vento bruto
soprou de verdes vales
e de longínquos montes...
Ficaram para trás
os velhos horizontes
e o mar profundo
nos sulcos da saudade.
Há pela frente um novo mundo,
floração de esperanças,
orvalho de vida.
Enquanto chora, a lembrança,
uma canção de despedida.
Nos esponsais da terra virgem
o campo e o mato
em messe transformados,
junto ao ribeiro desenhado,
imitando o rio da origem.
No vale dos caminhos
o sol morre e nasce...
As geadas e os invernos
encanecem o pampa e a face.
Honra e trabalho
legenda de brasão
que a luta enobreceu.
Força constante e viva,
sublime doce preço
por uma pátria adotiva
- regaço de uma tumba
e ao mesmo tempo berço.
No jardim do cemitério,
na paz da campa
que a carinhosa brisa
que vem do leste afaga
o nome e a data
que a memória eterniza
e o tempo, impiedoso,
apaga...