QUEIMADAS
O céu deixou de ser azul passou a vermelho,
Com as queimadas que na mata irromperam,
Os animais assustados, fugiam sem destino,
Pássaros batiam as asas para não arderem,
Era a confusão total, instalou-se o desatino.
Homens e mulheres gritavam e gesticulavam,
Seus braços no ar eram queixumes gestuais,
Dignos de belos quadros de variados murais,
Enquanto as chamas comiam lavras e casas,
Esperanças de salvar os bens eram escassas.
As queimadas de África são tão deslumbrantes
Como trágicas, deixam no ar um cheiro ardente,
De terra queimada, como só em África se sente.
Por muitos anos que eu viva, não me esqueço,
De tão belo espectáculo, sem ele eu esmoreço.
Revejo-me nas queimadas da minha bela terra,
Sinto que as labaredas também me atingiram,
Apesar de ter fugido delas, ainda subsistiram.
Hão-de perdurar por toda a vida, as cicatrizes,
Dos verdadeiros quadros, de muitas matizes.
Ruy Serrano, 17.02.2014, às 15:20 H