Monólogo da Mãe Natureza
Cultivo no meu jardim
uma árvore de valores,
repleta de belos ramos
e folhas multicolores.
A raiz é o alicerce
da sua sobrevivência
e vai sugando da terra
compreensão e paciência.
O tronco é a saúde
dos ramos, entes queridos;
fixam delicadas folhas,
de sentimentos vividos.
São estas folhas suspensas
por laços de lealdade
que murcham tão facilmente,
na distância e na saudade.
Fabricam sais de alegria,
de carinho e confiança,
protegendo da tristeza,
e alimentando a esperança.
Por vezes escondem um ninho
no tronco, bem abrigado,
protegendo um passarinho,
um futuro aliado.
A seiva que cozinharam
gera energia sem fim
circulando com vigor
nesta árvore de jardim.
Trabalhando arduamente,
com afeto e com verdade,
surgem pequenos botões,
laços de sanguinidade.
E esses botões florescem
frágeis, fortes, atrevidos,
com toda a sua beleza
resistindo aos perigos.
Dos botões se formam flores
guardadoras de segredos;
sorriem à luz do Sol,
recolhem, expiando medos.
Flores que vão persistindo
mesmo na adversidade
mas, com força, transformando
a dor em prosperidade.
E então serão belos frutos,
se o tempo assim permitir,
e não haverá bicharoco
que os faça desistir.
Por fim, os frutos aguardam
no tempo de gestação
ser semente de valores
numa próxima geração.
Pelo capricho do vento
ou no bico de um pardal,
caindo, jazem na terra
crendo no momento ideal.
E assim volta esta história, ao seu ponto inicial!
Cultivo no meu jardim
uma árvore de valores,
repleta de belos ramos
e folhas multicolores…