= Na fazenda... =

O cão late, o gato mia...

A abelha azoina, o besouro zumbe, a cigarra estridua,

o gafanhoto zizia, a mosca zoa, o mosquito trobeteia,

o grilo estrila, o pernilongo zune...

O beija-flor trissa, o canário estridula, a cotovia gorjeia,

o cuco cuca, o estorninho pissita, o melro assobia,

o pardal chia, o pintassilgo modula, o pica-pau restridula,

o tordo trucila, a pomba arrulha, a andorinha gazeia...

O periquito charleia, o papagaio parla, a arara charla

a gralha gralheia...

A galinha d’angola tofraqueia, o galo canta, a galinha

cacareja, o pinto pia, o pato grasna, o ganso grita,

o cisne arensa...

A coruja coruja, o morcego farfalha...

O corvo crocita, a águia guincha, a cegonha grotera,

o falcão pipita, o gavião atita, o pavão pupila,

o peru gorgoleja...

O avestruz ronca, a garça gazeia, o tentilhão trina...

O bode bodeja, o borrego berra, a cabra bezoa,

o cordeiro berrega, a ovelha bale...

A vaca rebrama, o touro bufa, o bezerro muge,

o búfalo brame, o burro zurra, o cavalo relincha,

o jumento azurra, o leitão guincha, o porco grunhe...

A lebre chia, o lince ronca, o lobo ulula, a raposa regouga,

a onça esturra, a rã coaxa, o sapo gargareja.

O urutau se esconde e o curiango só à noite...

Se esqueci de alguém, queira me desculpar.

Não necessariamente nessa ordem, nem todos

ao mesmo tempo, alguns um pouco menos,

outros um pouco mais. Por serem irracionais

nem sempre entre eles reina a paz. Mas com

eles, entre eles, isso é natural, instintivo e

questão de sobrevivência.

E eu me sinto bem e muito feliz de expectador

nesse festival onomatopeico.

Vê-los e ouvi-los me faz muito bem. Recria-me,

Renova-me. Dimensiona-me...

Eu na fazenda... Leve... zzzzzzzzzzzzzzz em paz.

Somente quando da cidade chamam

ao telefone eu “resmungo”.

Arre! rrruuuuunnnnn

Mas é passageiro. O ambiente já me refaz.

Já deixei escrito, qundo eu finito que aqui

quero “morar”, quando Deus me chamar

para o outro andar.

= Roberto Coradini {bp} =

11//01//2014