Onde eu Vivo
Eu, sempre escrevo pensando Nas coisas que já vivi
No perdiz, no juriti, Nos bichos se alimentando,
A Corruíra chorando, Sapos coaxando em lagoa,
E um pesqueiro na canoa, Pra pescar um arati,
O Dourado e tambaqui; O tipo da pesca boa.
Na Amazônia, onde eu vivo, De tudo tem com fartura,
Na vertente, a água pura, Mantém o caboclo vivo,
Ali eu não sou cativo, Fico a olhar a beleza,
Lá não se enxerga a tristeza, Os arvoredos sombreando,
O sol, do alto, espiando, Clareando a natureza.
Em tudo se ver riqueza, Da água a agricultura,
E a feliz criatura Enfeita a sua nobreza,
Há confiança e firmeza, Há trabalho e união,
Canta uma linda canção, Onde a vaidade se encerra,
E segue, amando a sua terra, De todo o seu coração.
A floresta verdejante Linda, igualmente a um jardim,
A bela flor do marfim, Parecendo diamante,
O céu, aquece constante, A mata que Deus criou,
Alimentando o calor, Mas a noite, tudo esfria,
Ao raiar, vem a alegria, Enchendo a terra de amor.