TU ÉS  PEDRA . . .

Pedras são esculturas do tempo. 
Fora do caminho das águas,
denotam infinitude. 
Se atiradas nos rios,
rolam e se ralam,
seguem leitos em declive,
desgastam-se ao longo da caminhada
. . .
Por algum instante,
se tornam roliças,
bonitas, elegantes, desejadas
. . .
Transmudam-se em esferas,
bastam algumas primaveras. 
Seus volumes, no entanto,
devido às inevitáveis perdas,
vão ficando cada vez menores,
até que se tornam pedregulhos
no caminho de outras pedras.
Inexorável revelação da finitude
 . . .
Menores ou maiores,
descendes de rochas hidrógenas,
durázias preciosidades
que os caudalosos rios da vida
carregam num mesmo sentido
. . .
A ti resta, talvez,
só a vaidade de tua robustez,
outrora multifacetada,
continuamente lapidada
pela rigidez do tempo e pelas águas
(que também passam),
vigorosas, límpidas
. . .
Doce essência da vida.
. . .
Em sua superfície,
ilusória e mansa,
a imagem de inquebrantável juventude.
Mas, tu és pedra
. . .  
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Nota::  Comentário subscrito à crônica O ANO NOVO DA PEDRA, publicada em 26/12/2013, neste RL, por Damião Ramos Cavalcanti - presid da Acad Paraib de Letras._