ESPERANDO A CHUVA CAIR
Deixei a cabaça pendurada num Toco
No canto da roça
Com o coração rachado, feito fundo de açude seco
Esperando a chuva chegar!
Coração molhado com pedaços de alegria
Revelados e escondidos na distância da estação chuvosa.
Apenas meus olhos molham!
A esperança da colheita encurta meus dias
E o céu não chora. Apenas meu rosto está molhado, as plantas se fecham ao sol, enfraquecem, o olhar das crianças carece
Carece de brincar nas enxurradas pelas estradas de terra batida
De cabeça baixa esperando a chuva chegar
Rega um canto do coração
Rola lágrimas de emoção,
De esperança de um dia mudar
E seus olhos desaguar
No capim verde do sertão.
A saudade vem e vai...
Vê se pode, cá, a chuva não cai.
A biqueira do eitão não pode mais pingar!
“Minha sede por chuva ainda continua”.
Hoje o tempo deu uma calma
Será que chove ainda nesta quadra de lua?
Ou molha e seca, seca e molha a dor na alma?
Essa vontade em mim deságua qual zoeira de pé de serra, rebentão.
farejo a terra molhada entapetada de cebola de bode,
Vê se pode, cá, a chuva cai não
A biqueira no eitão da casa só deságua pó,
portanto, não cobre a minha mágoa....
Peito véio tá que só o nó
Que saudade da procissão de saúva
Levando meu mantimento
Maior tormento é ter sede de chuva...
A servidão só ta a lama
meu coração só rachadura
corta de dó sentir tanta secura....."