Não se espante se a chuva não cair
Não se espante
Se a chuva não cair
Não tropece
Na poça seca nem distraída.
E, se o seu portão
Não estiver molhado
E, se o seu sorriso
Não confundi suas carências
E, se na noite não conseguir
Ter o sono que merece
Não busque esperança
Numa outra fonte...
Não faça dos olhos rio de lágrimas.
A água que o rio espera
Não pode deixar de vir...
O peixe se tornará presa fácil
E atrapalhado no riacho vazio
Não resistirá a dor, desesperado
Será enxotado pelo medo. Morrerá.
A corrente impondo força
Necessita de veia farta
Para muitos, o caminho não pode ser
Atropelado por falha humana...
Pouco eficaz, alma lavada
Com os louros dos desprovidos
É muita ilusão sonhar
Com a imensa da fonte liberada
Nem mesmo os mais altos devaneios
Revigoram essa benção justa.
Não se espante
Se a chuva não cair
Não tropece na
Poça seca nem distraída...
Não faça dos olhos rio de lágrimas.