O céu azul como anil não molha o chão

O sol queimando a pestana

A terra arrepia a carne do sertanejo.

Menino buliçoso se avexa o ano inteiro

Nem se esconde mais na serra...

Num escaldo refúgio, à beira da sombra

Já não brinca de soldado ou de jagunceiro.

Árido, o terreno geme

Pedindo passagem

Abrindo o solo

Procura uma saída...

Para o bem da saúde

Ser provida dum pouco d’água...

Ninguém escapa da fuga

Imperada nos olhares dos desafetos.

À frente das bicas

O fruto não jorra

Uma lágrima de boa vontade

O agrado porventura existente

Não tem a força esperada

Falece sem pranto.

O sentimento agradável

Por alguma coisa não prevalece

A angústia surge sem ao menos

Cogitar um fato novo de esperança.

E, a chuva não cai... Desanimadora

O medo apavora... Não tem conquista

O sorriso não se estampa, desaparece...

O sol cada vez mais picante...

O céu azul como anil não molha o chão.

A vida continua na luta inglória

No mesmo patamar de amargura sem fim.

Cromeu
Enviado por Cromeu em 01/11/2013
Código do texto: T4551463
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