O céu azul como anil não molha o chão
O sol queimando a pestana
A terra arrepia a carne do sertanejo.
Menino buliçoso se avexa o ano inteiro
Nem se esconde mais na serra...
Num escaldo refúgio, à beira da sombra
Já não brinca de soldado ou de jagunceiro.
Árido, o terreno geme
Pedindo passagem
Abrindo o solo
Procura uma saída...
Para o bem da saúde
Ser provida dum pouco d’água...
Ninguém escapa da fuga
Imperada nos olhares dos desafetos.
À frente das bicas
O fruto não jorra
Uma lágrima de boa vontade
O agrado porventura existente
Não tem a força esperada
Falece sem pranto.
O sentimento agradável
Por alguma coisa não prevalece
A angústia surge sem ao menos
Cogitar um fato novo de esperança.
E, a chuva não cai... Desanimadora
O medo apavora... Não tem conquista
O sorriso não se estampa, desaparece...
O sol cada vez mais picante...
O céu azul como anil não molha o chão.
A vida continua na luta inglória
No mesmo patamar de amargura sem fim.