Benção
Cascata dourada.
Céu antes azul,
agora transcende
cores e sensações.
E a quem apenas olha,
a tarde somente cai;
Quem vê além dos olhos,
enxerga transformação,
ouve a voz das águas
cobrindo a areia
e o pássaro que voa-reza
em louvor à natureza.
Azul, amarelo, laranja…
Cai o fogo, majestoso
entre as águas condensadas.
Poucos segundos…
Do mais lindo espetáculo!
Ri… Ri com dentes e olhos,
espectador.
Ro… Rompe, inebriante,
estonteante, o horizonte.
Falta o ar, depois sobra
pela brisa que sopra
como cortina que fecha
quando muda a cena.
E a gente muda.
Faltam as palavras
e depois sopram…
Ao ouvido-coração.
Azul, vermelho, lilás…
Vêm os outros astros,
todo o resto, disperso.
Céu antes azul,
agora acende
milhares de luzes,
retratos do passado.
Está posto e há de se pôr,
outra vez, e há de se supor
que talvez mereçamos estar,
uma vez mais, lá no cais,
para outra benção receber.