Ser tão seco

Vinde a mim gado minguado

Ressecada, a rês sem cauda

Esse couro que secou-se

Isto é secura, e vê se cura

Esse couro que se come

Ou some o homem de fome

Com mágoa desta falta d'água

E da aridez de nenhuma lágrima

Ainda só os fortes é que tem sorte

Pois continuam escapando da morte

A atenção constante é a maior causa

De uma tensão causticante e sem pausa

Que marcou a ferro vincos na minha alma

Só sinto que teci este sucinto lamento

Por ser tão seco, o meu ser tão sedento

De um sertão inteiro ardendo dentro do peito

Pelo deserto que de certo o foi meu companheiro

E que hoje deixo seguindo o canto que lancei ao vento

Ricardo Selva
Enviado por Ricardo Selva em 26/10/2013
Reeditado em 26/10/2013
Código do texto: T4542513
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