Frio
Amanhece;
Como numa fotografia,
A vida coberta de neblina.
Sobre tudo, o frio pousado.
Pássaro quieto sobre o fio,
Que balança e solta, aos poucos,
Gotas de orvalho chorado.
Vem um raio de sol, cintila
Sobre as cores das asas do pássaro
Que do dom de voar, declina;
Medita sobre a paisagem.
Parece triste, o passarinho...
Seu canto destoa de tudo,
E as notas hesitantes
Modificam as imagens.
Antes, ficasse mudo.
Cutuca-lhe as asas
Mais um fio
De raio de sol.
E de repente, lá vai ele,
Asas abertas
Ao chamado
Do vento e da vida...
Mas deixa cair uma pluma
Sobre o gramado.