FRÍGIDO INVERNO
Por entre ramalhetes secos
Espreita o dia ensolarado
Da vida que morre em queda livre
Respirará o novo broto folheado
No canto se esconde
Cultivando cuidadosamente o medo
Resfriando a vontade de mover-se
Cozinhando zeloso segredo
Parece aos olhos parado
Num momento de passagem
Como se fosse pausado
Para moldar nova roupagem
Mas ainda é tudo cinzento
Os corações pulsam reluzentes
Bombeando vida a cada extremo
Contendo os calafrios persistentes
É o que desfalece
E renova o sopro da vida
Quando tudo esmorece
Sabe-se a hora exata da partida
Vão murchando, atrofiando
Juntando-se em névoa ao passado
Alimentando a fornalha
Desse devir ilimitado
Tempo que o amor se esconde
Como se esperasse o sol brilhar
Tímido, se reconstrói
Fazendo a tristeza passar
O céu límpido revela o mundo novo
Os perigosos sonhos da solidão se vão
Dentro dos campos multicor
Jaz a perfeita combinação
Resta o pedaço morto
Esparramado no chão
A chaga do passado
De forçada resignação
Aquele frígido receio
De fazer-se o verão