FRÍGIDO INVERNO

Por entre ramalhetes secos

Espreita o dia ensolarado

Da vida que morre em queda livre

Respirará o novo broto folheado

No canto se esconde

Cultivando cuidadosamente o medo

Resfriando a vontade de mover-se

Cozinhando zeloso segredo

Parece aos olhos parado

Num momento de passagem

Como se fosse pausado

Para moldar nova roupagem

Mas ainda é tudo cinzento

Os corações pulsam reluzentes

Bombeando vida a cada extremo

Contendo os calafrios persistentes

É o que desfalece

E renova o sopro da vida

Quando tudo esmorece

Sabe-se a hora exata da partida

Vão murchando, atrofiando

Juntando-se em névoa ao passado

Alimentando a fornalha

Desse devir ilimitado

Tempo que o amor se esconde

Como se esperasse o sol brilhar

Tímido, se reconstrói

Fazendo a tristeza passar

O céu límpido revela o mundo novo

Os perigosos sonhos da solidão se vão

Dentro dos campos multicor

Jaz a perfeita combinação

Resta o pedaço morto

Esparramado no chão

A chaga do passado

De forçada resignação

Aquele frígido receio

De fazer-se o verão

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 28/07/2013
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