A COR DA VIDA

Disse-me, querida

Que não sabia a cor da vida.

Se era azul ou verde-mar,

Cavaleiro, viajante, fui buscar.

Nos pastos por onde andei

Só o verde eu avistei.

Nas terras vi escuro,

Nas florestas era mais maduro,

Nos rios era azulado,

Mas era o verde sempre ao meu lado.

Nas cidades tudo mudou

O cinza despertava a dor.

Caminhantes pisavam no preto,

Um tom acima da cor anti-amor.

Aquele cinza, da cidade me espantou.

Fui buscar sua resposta la no litoral.

Um azul que nunca vi igual

O céu é descrição perfeita

Seu reflexo finge transparência ter,

Mas o mar não consegue esconder,

É azul a água de beber!

No caminho de volta

Pensando não haver resposta

Enchi-me de indignação.

Mas ao te ver em pele marrom,

Cabelos pretos e sorriso cor do sol

Um caminhar tão mar

E os olhos tão pastos,

Em cidade me transformei.

Fiquei cinza quando a avistei

Pasmo com tanta cor em um só ser.

Minha conclusão, agora, não devo esconder.

Querido amor,

Sinto muito, mas a vida não tem cor.

Ela é tela vazia para se pintar

No mundo, você não vai encontrar,

Mas sim nos olhos do pintor.

(Para minha amiga Laisita)