AS ÁRVORES DO MEU BAIRRO

É com as árvores do meu bairro que eu convivo,

Nos passeios que dou, paro para as contemplar,

Elas são as minhas confidentes, boas ouvintes,

Escutam com atenção os meus muitos lamentos,

Com elas falo das nossas idênticas existências,

Elas foram transplantadas contra sua vontade,

Eu fui desenraizado sem ser disso compensado,

Assim nos entendemos e muito nos respeitamos.

É com as árvores do meu bairro que desabafo,

À sombra delas escrevo a minha melhor poesia,

Oliveiras, ciprestes, pinheiros, palmeiras, olaias,

Amoreiras, elas são as minhas companheiras.

P'la frescura da manhã e ao despedir da tarde,

Junta-se a nós a passarada com seus trinares,

Que saúdam e convivem de perto connosco,

Voando e depenicando a erva e as árvores.

As árvores do meu bairro são o exemplo,

De como a vida pode ser pacífica e unida,

Com paz, ar puro, convívio e tolerância,

Símbolo da natureza, a minha esperança.

Ruy Serrano, 25.07.2013