MATA MORTA
Era seiva, o sangue daquela estação,
Que abria as folhas e flores e refazia o fruto
Era o vento a pulsar em um coração
E dissipava o pólen em torno daquele reduto.
Era cantiga, o voar das aves no céu,
Que coloria o dia, a planície e os horizontes.
Eram ninhos, sacaís daquele fogaréu
Que ateava o sol, a lua nas águas das fontes.
Hoje é canto mudo, surdo eco no ar
Pranto de plantas, nem um pássaro a voar.
Hoje é cinza, espectro a se lamentar
Pelo ódio humano, o braço rude a degradar.
É mata morta... Vidas vãs e emudecidas,
Cálidas e áridas, pontas de abrolhos expostas.
Virgem era o mel em seivas, entristecidas,
Ao carvão tostado de dor, torturadas e postas.
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Giovanni Pelluzzi
Prados/MG, 23 de julho de 2013.